Ele pega na bola, levanta a cabeça, olha para o cesto, salta, lança... e não entra. Não faz mal, é dia 27 de dezembro e não há ninguém num raio de muitos metros para ver aquela estranha mistura de falta de pontaria e algum azar. Mesmo que alguém estivesse por perto, são praticamente seis da tarde, o que em termos de fotossíntese significa que o sol já está a caminho de Los Angeles e mal se vê dois palmos à frente (o que não é desculpa para o lançamento). O frio, a respiração ofegante, o pôr do sol, o silêncio que só é quebrado pela ocasional buzina ao fundo e pela bola a ressaltar na tabela (para longe, normalmente), somam-se resultando numa relativa paz de espírito. De sweater velha da nike e calções,vai mimicando os movimentos da televisão enquanto reflecte nos dois anos que se misturam na próxima semana. Discute consigo o que devia ter dito e feito e hipotetisa o que pode acontecer em diante. Dispersa, como sempre. Também não faz mal, também não há quem espie os pensamento. Acho que chega. Mais três cestos seguidos daqui e a quadra fica novamente vazia. Não demora assim tanto. É giro andar de calções no metro, em dezembro.

soundtrack - running from the thoughts- dub pistols (feat. terry hall)

Quão estranho e assustador é que eu tenha começado a cantar espontaneamente o Asereje no banho?