Super Kryptonite

Wednesday, June 29, 2005

Querer

Queria levar-te a paz, quando não a tenho.
Queria acalmar-te quando não o estou.
Queria dar-te esperança quando não sei se ela está comigo.
Quero fazer-te rir quando estou a chorar.
Quero cantar para ti quando estou mudo.
Quero dar-te comida quando tenho fome.
Queria que viesses para aqui quando estás aí.
Quero fugir quando não estás aqui.
Queria que tivesses bons sonhos quando eu tenho pesadelos.

Podemos dar o que não possuimos? Sim, podemos.

Saturday, June 25, 2005

Tenho 76 anos

Não sei quem sou, nunca soube, nem nunca me preocupei em saber - não me parecia pertinente antes nem agora. Conheço as partes que me fazem mas não o todo. Parece, no entanto, que quem quer que eu seja, tem uns 76 anos, com pinceladas de criança de 6. Se ainda ontem me meti, a meio de um jantar, a encenar os momentos mais clássicos do Karate Kid, como o mítico pontapé final e o wax on, wax of e ainda acho que sou o Super-Homem, a verdade é que a maior parte do tempo pareço um idoso a caminho dos 80. Tudo me irrita, tudo me aborrece e tudo me farta. 90% dos telefonemas que recebo são acompanhados com aquele ar enfastiado de "meu Deus, tenho que falar com x agora?...", mesmo de bons amigos que nunca me fizeram mal na vida. A televisão tem 5 minutos de tolerância para encontrar algo que me entusiasme bastante, senão fica quieta e calada. Tou cansado e farto da faculdade. Gosto do curso mas já não consigo ver aquilo à frente. Suspiro e bufo a cada meia dúzia de minutos. Quero fazer bungee jumping, mesmo. Preciso de palco, há quase três semanas que não faço stand up e sinto bastante falta. Preciso de mergulhar. Preciso de dormir. Preciso de fugir. Vou passear e dar uma volta.
Cometer um erro uma vez, acontece. Duas vezes, é estupidez. Muitas, muitas vezes, é estar apaixonado.

O facto de eu ter razão não quer dizer nada

Wednesday, June 22, 2005

Às portas do coração

Antes de mais, isto é absolutamente ridículo - tenho frequencia daqui a 3 horas, são 6:22 da manhã e ainda não dormi, razão pela qual tenho desculpa pelo título mais pimba de sempre para um post.

Super-Homem percebeu que não estava no sítio certo e logo descobriu o caminho, afinal ele estava lá, faz tempo, tão claro e bem assinalado que se sentiu estúpido de não ter sequer dado por ele mais cedo. Segui-o com sentimentos ambíguos - por um lado, havia uma qualidade indescritível que inspirava um certo medo e revelava que o caminho não seria, de todo, fácil e que poderia incluir sacrifícios que ele não sabia se estava pronto a fazer. Por outro, havia uma outra qualidade, mais forte, e que dizia que era ali, sem dúvida, que ele tinha que estar. Percorrido o percurso, encontrou uma porta, bonita e segura. Usou a sua visão de raio-x mas não era preciso, conhecia aquele espaço interior quase tão bem como a sua própria casa, tirando uma ou outra divisão mais refundida. Queria entrar porque sabia que ali se sentia melhor que em qualquer outro ponto do universo, mas a porta estava trancada e a chave não estava debaixo do tapete. Pensou, brevemente, em forçar a entrada mas não só provavelmente não seria capaz como também não era assim que queria entrar. Suspirou. Talvez fosse como a caverna do Ali Bábá, umas quantas palavras mágicas e tcha tchan. Mas também não, por mais que dissesse tudo exactamente certo - e sabia que estava certo - a porta permanecia inerte. Tocou a campainha, ao de muito leve, pois não queria incomodar o inquilino, mas ninguém abriu. Decidiu então acampar à porta e desde da última vez que se soube dele, ainda lá estava, à espera para entrar.

Tuesday, June 21, 2005

Shhhhh, silêncio pá

Ja se adivinhava, pelo menos eu já, vocês, não sei, talvez não, mas eu sim. Depois de alguns dias de regularidade ao nivel da postagem, o hiatus (sim, gosto da palavra). Agora o regresso, seguir-se-a depois um novo hiatus indeterminado, espero que nao de muito tempo.

Durante um dia normal ouvimos montes de coisas, de montes de gente. Pais, amigos, conhecidos, vizinhos, desconhecidos, lojistas, televisão, rádio, professores. E é interessante como o que ouvimos nos afecta de modo tão diferente dependendo de quem a diz. A mesma coisa dita por duas pessoas diferentes tem efeitos diversos e duas coisas diferentes têm, mais obviamente, efeitos dispares. Agora, o mais assustador é como por vezes eramos capazes de trocar todo um dia de pessoas a falar por cinco minutos, uma frase, uma palavra de alguém que queriamos mesmo ouvir a voz. Por norma, não gosto particularmente do silêncio, nem a sociedade em geral, gosto de música, de comunicar, de escutar, de falar, de gritar, de sussurrar, de rir e fazer rir (embora tenha momentos em que valorizo muito o vazio vocal), mas passava 24 surdo e mudo por dois dedinhos de conversa contigo ao pôr-do-sol. Apetecia-me ligar-te agora, mas são cinco da matina, vou dormir.

Wednesday, June 15, 2005

De noite

Deito-me. Olho para as estrelas cintilantes. É tarde e o bom senso diria que já não devia estar acordado. Vejo televisão, nada de jeito. Vou dormir, não adormeço. Olho para o relógio. Penso. Penso sobre o que tou a pensar. Penso em ti e falo contigo. Digo tudo o que queria dizer-te. Respondes-me, às vezes o que quero ouvir, outras nem tanto. Abano a cabeça e dou-lhe uma palmada. Não pode ser assim. Vou ver um filme, é mau, afinal, não são horas de passarem bons filmes (bom, ainda vamos descobrir qual é a hora de passarem bons filmes). Suspiro, fundo como de costume. Procuro música na TV. Depois de três ou quatro daquelas muito labregas, dá aquela que me lembra de ti. Ora bolas, mas pensando bem, era mesmo a que eu queria ouvir. Zapping mais um bocadito. Optimo, aquela série engraçada que gosto tanto, vai ser bom pra espairecer uns 20 minutos. Trampa, é repetido do que deu hoje de tarde e já vi. Enfim. Vou escrever? Tenho frequência amanhã de manhã... Vou escrever. Escrevo. Vou-me deitar. E agora?

Tuesday, June 14, 2005

Irra

Ha coisas que nos irritam, nos enervam. Claro que há coisas que é suposto irritarem mas há outras que apesar de o fazerem, não deviam nem temos muitas vezes direito de ficarmos irritados. E são essas que irritam mais, porque o fazem duplamente - uma porque irritam e outra pelo simples facto de irritarem quando não deviam.
Por vezes, o melhor que o Super-Homem tem a fazer é fazer o seu trabalho, resolver o que tem que ser resolvido e desaparecer mais rápido que uma bala para sair do caminho.

Hoje chumbei à minha primeira cadeira e estou irritado, but then again, isso é normal que irrite.

Monday, June 13, 2005

A Lua

Claro que também há a Lua, talvez para a maioria mais bonita que o Sol, a uma distância menor - embora isso não signifique que mais acessível - e com uma atmosfera mais semelhante à da Terra - embora não necessariamente mais compativel. E tecnicamente, a Lua reflecte a luz so Sol, mas não é a mesma coisa. E não é que o Super-Homem não goste da Lua, não há dúvida que a Lua é fascinante. É só que ela não aquece, não nos acorda muito cedo, fazendo sorrir logo de manhã, não torna tudo claro e óbvio, não o faz voar.

Honestamente, não sei o que vai ser

Apeteceu-me. O facto de serem 5:21 da matina, pós noitada de Santos Populares, pode ser um grande prenúncio de um blog que poderá não passar das primeiras semanas. Quem me conhece percebe o nome, meio "à puto" pra quem já devia ter deixado de o ser, mas não se incomoda por preservar a parcela infantil.
A verdade é que por vezes nos sentimos muito fortes e por outras muito fracos.
Neste momento, estou naquele meio termo. Ia escrever saudável no fim da frase, mais por reflexo de ouvir tantas vezes, "no meio é que está a virtude" e clichés que tais, mas desisti. O meio não é necessariamente saudável - está tão perto do fraco como longe do bom, mas pode simplesmente estar muito longe de ambos - imaginem um triângulo com um vértice exageradamente- mas identicamente - longe dos outros dois. Não me sinto como quando há kryptonite na zona, não estou sem forças mas também não estou a conseguir voar. Falta alguma coisa, há um buraco, um vazio. O Sol - fonte dos poderes do Super-Homem - ali, perto, às vezes mais que outras, consigo vê-lo, chego a tocar com a ponta de um dedo, esticando-me muito e fazendo um esforço enorme, mas não o agarro, nem chego tão perto como chega a parecer - é ilusão de óptica. O Sol, esse, não se mexe, porque não tem que se mexer. Está ali, brilhante, lindo e estático.
Dada a hora tardia, talvez vá esperar o nascer do Sol, ver o "sunshine", essa fonte maior que todas de energia.
Não há dúvida que ser o Clark é muito mais díficil que ser o Super-Homem.